Ducha fria no 'já ganhou'
O time enfrentou uma equipe difícil, uma das melhores do mundial, com a maioria dos jogadores brilhando nos gramados europeus. Dominou o jogo durante boa parte do tempo. Mas se intimidou, desperdiçando a chance de conquistar um belo resultado. Mas se amedrontaram e saíram de campo com um gostinho de empate. Os jogadores não honraram as cores da bandeira em sua camisa vermelha e branca. É. Estamos falando da Croácia.
As qualidades dos croatas estão sendo destacadas, como um dos fatores da péssima estréia da seleção. Outros argumentos estão surgindo, como o “nervosismo da estréia”. Ok. Ok. Tudo bem, fazem sentido. Mas onde foi parar a superioridade indiscutível, que fazia parecer que o Hexa já estivesse em nossas mãos? Não pode ser que a seleção dos sonhos tenha sentido a qualidade da Croácia. Vá lá, eles são herdeiros da Iugoslávia, mas como disse hoje o colunista João Ubaldo Ribeiro, ‘perder para a Croácia continua a ser contra as leis da natureza”. E ganhar desse jeito, com jeitão de empate, não é anti-natural?
Nos dias que antecederam a estréia, pipocaram apostas. No trabalho, na rua, no botequim. Sobravam opções de bolão. Mesmo os que se recusavam a enebriar-se pelo clima de oba-oba não esperavam um placar tão tímido. E o que é pior, uma atuação tão fraca.
O povo escolheu seu grande culpado. E talvez pela primeira vez na história do PSTU na internet, teremos de concordar com Lula, em sua ávida curiosidade sobre o peso de Ronaldo. Pesado, lento, sem iniciativa. Todo duro, como aquele padrinho, meio bêbedo e todo sem graça, que ensaia passos de valsa para não fazer feio nos 15 anos da sobrinha. Foi comparado, com Adriano, a elefantes. Ele esteve marcado a maior parte do tempo? Sim. Esteve. Mas quando foi a última vez em que isso deixou de acontecer. Talvez no São Cristóvão, em seu início de carreira. Os marcadores, os “joões”, de Garrincha, nunca impediram os cortes e arrancadas com os quais Ronaldo nos acostumou.
O Brasil começou a jogar bonito e parecia que iríamos ter um show de futebol-arte. Troca de bola rápida na grande área da Croácia, chutes a gol, era só questão de tempo. Então a seleção parou e começou então a jogar um futebol estranho e burocrático. Modorrento. O gol não vinha. E os ponteiros também resolveram se arrastar. Uma monotonia, interrompida pelo consciente chute de Kaká. Sem se importar com os zagueiros em volta, Kaká teve calma para escolher o canto e acertar um chute de longe, certeiro, lá perto “de onde a coruja dorme”.
O time voltou pior e tomou um sufoco no segundo tempo, com Dida fazendo ótimas defesas e salvando a pele de todos. A equipe de Parreira dependeu o tempo todo do talento individual, que há de sobra. Pouca movimentação, quase nenhuma criatividade. A torcida nos bares, nas ruas, olhava apreensiva, até que explodiu em palmas e gritos. Outro gol? Não. Era Ronaldo sendo substituído por Robinho. A mudança, se não permitiu a volta do futebol-arte, ao menos deu mais controle sobre a partida e garantiu a vitória.
Um jogo decepcionante, como foram a maioria das partidas desta primeira rodada da Copa. Uma ducha no clima de já ganhou, mas também um passo para o que pode via a ser o despertar de um grupo de craques, de brilho comparável aos melhores escretes do país.
Ficamos por aqui. Agora é com vocês. O que acharam? Quem deve sair, quem deve entrar contra os cangurus da Austrália?
PS(TU): Ô Chico Anysio! Tem certeza que ainda não confia em goleiros negros? Salve Dida! E salve também Juan, outro destaque em campo.
PS(TU)2: Garotinho para preparador físico!
3 Comentários:
O Brasil ganhou porque tinha que ganhar. Era mesmo a ordem natural das coisas.
Kaká deu sorte te pintar um momento único no jogo para que ele aproveitasse e marcasse, de chutão de fora da área, o único gol possível do Brasil. A defesa da Croácia estava impecável. O meio de campo recuava e marcava com precisão, não embolando a cabeça de área. Contra essa muralha, o ataque brasileiro nada podia. O tal do quadrado(?) mágico(?!) ainda está para se formar. E o Femomo, hein? Que tristeza.
O atraque croata, por outro lado, apesar de algumas boas armações de seu meio de campo parecia simplesmente não acreditar na facilidade em chegar à área brasileira e, nesse desespero de aluno peitando o professor, batia na afobação, sem olhar para o gol, assim, de qualquer jeito mesmo. Claro que o Dida só poderia fazer boas defesas: praticamente todas os chutes dos croatas vinham direto em sua mãos.
É, a vitória do Brasil conseguiu me convencer. Oitavas-de-final, aí vamos nós! Vai ser sofrido, mas até lá a gente chega! Ronaldo pra frente, Brasil! Quer dizer, "bola"!
A seleção está sendo injustamente criticada. Na verdade, o que afetou o desempenho dos jogadores brasucas em campo foi o uniforme do time croato, intencionalmente desenvolvido para dispersar a atenção do adversário.
Há rumores também que o uniforme canarinho, reaproveitado da Copa de 70, também não ajudou...
Porém, o maior injustiçado foi o Ronaldo! A explicação de seu desempenho é que, com a idade, ele vem desenvolvendo um futebol mais minimalista, cheio de detalhes e minúcias. Ou seja, sem os arroubos e firulas da juventude.
É um negócio mais refinado, que poucos têm a capacidade de assimilar hoje, mas que no futuro será considerado genial! Ah vcs não entendem de futebol mesmo, né?...
Até a minha irmã de 5 anos (que adora futebol!) comentou que Ronaldo, o fenômeno, mais parecia uma estátua! Acho que esse "quadrado mágico" terá que ser desfeito se a seleção quiser trazer mesmo mais uma estrela...
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