"Choque-de-ordem" sul-africano: O apartheid continua!

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Por Juzerley Santos

Prefeitura afirma que a remoções não tem relação com a Copa

A Copa do Mundo finalmente começou e mídia tem se esforçado para tentar mostrar a felicidade dos sul-africanos com a realização do evento em seu país. Mas tem sido impossível deixar de relatar os inúmeros problemas vividos pelos trabalhadores sulafricanos. Para os 3 mil moradores do assentamento de Blikkiesdorp, próximo ao novíssimo estádio Green Point, alvos de uma verdadeira "limpeza urbana" a copa só trouxe decepções, como as remoções.

Removidos das áreas centrais da Cidade do Cabo, principal pólo turístico do país, eles foram jogados em verdadeiras favelas de com barracões de zinco para abrigar sem-tetos retirados pela prefeitura. Isolados no "melhor" estilo Distrito 9, estão escondidos das vistas dos milhares turistas que passarão pelo recém-construído aeroporto em direção às atrações locais.

Retirados de seus lares os assentados ainda tem de ouvir a prefeitura da Cidade do Cabo, sempre negando a existência de uma operação de limpeza urbana, culpá-los pela situação. Acusados de ocupar irregularmente imóveis no centro da cidade as pessoas foram levadas à força para áreas afastadas e não podem voltar para as antigas áreas que ocupavam. O período, que segundo as autoridades é provisório, pode durar até seis anos.

O apartheid continua

O assentamento se parece com um campo de concentração. Cercados por grades, os moradores vivem em barracões de zinco, onde as instalações precárias não oferecem proteção decente contra o calor, o frio e a chuva.

Afastados do centro, cerca de duas horas, estão longe de oportunidades de emprego e são obrigados a se sustentar através de algo estilo Bolsa-família. Mesmo morando na rua, em casas abandonadas ou nas calçada, os moradores dizem que agora a vida está pior, pois não tem acesso à rede de água e esgoto. Esta nova segregação sócio-espacial lembra muito o apartheid: onde os pobres, sempre negros, foram expulsos de suas terras para dar lugar aos ricos, sempre brancos.

Ou seja, mesmo quase vinte anos após o fim oficial do apartheid e a realização de uma Copa do Mundo os negros e pobres sul-africanos ainda têm muito pelo que lutar!