PSTU na arquibancada

Para quem torce e luta. Não necessariamente nesta ordem...

23.7.06

O Mundial de Zidane

Por Eduardo Galeano (*)
Montevidéu, julho/2006 – No cenário da sanidade, um ataque de loucura. Em um templo consagrado à adoração do futebol e ao respeito de suas regras, onde a Coca-Cola proporciona felicidade, Master Card leva à prosperidade e Hyundai dá velocidade, são disputados os últimos minutos da última partida do campeonato mundial. Este é, também, a última partida do melhor jogador, o mais admirado, o mais querido, que está dizendo adeus ao futebol. Os olhos do mundo estão voltados para ele. E, subitamente, este rei da festa se converte em um touro furioso e investe contra um rival e o derruba, com uma cabeçada no peito, e se vai.
Deixa o campo por determinação do árbitro e pela vaia do público, que seria uma ovação. E não sai pela porta principal, mas pelo triste túnel que leva aos vestiários. No caminho, passa ao lado da taça de ouro reservada à equipe campeã. Ele nem a olha.
Quando este Mundial começou, os especialistas disseram que Zinedine Zidane estava velho. Mariano Pernia, o Argentina que joga na seleção espanhola comentou: “Velho é o vento, e continua soprando”. E a França derrotou a Espanha e Zidane foi, nessa partida, e nas seguintes, o mais jovem de todos.
Depois, no fim do campeonato, quando aconteceu o que aconteceu, foi fácil atacar o ruim do filme. Mas era, e continua sendo, difícil compreendê-lo. Será verdade? Não será um pesadelo, um sonho equivocado? Como pôde abandonar os seus quando mais necessitavam dele? Horacio Elizondo, o árbitro, lhe deu cartão vermelho com toda a razão, mas por que Zidane fez o que fez?
Ao que parece, o zagueiro italiano Marco Materazzi lhe dirigiu alguns desses insultos racistas que os energúmenos costumam gritar desde as tribunas dos estádios. Zidane, muçulmano, filho de argelinos, havia aprendido a se defender, desde a infância, quando recebia ataques desse tipo nos subúrbios pobres de Marselha. Conhece bem esses insultos, mas lhe doeram como a primeira vez, e seus inimigos sabem que a provocação funciona. Mais de uma vez fizeram com que perdesse a cabeça desta maneira suja, e Materazzi não é, digamos, famoso por sua limpeza.
Este Mundial esteve marcado pelas declarações das seleções, antes de cada partida, contra a peste universal do racismo, e Zidane foi um dos jogadores que o fez possível.O tema é candente. Às vésperas da Copa do Mundo, o dirigente político Jean-Marie Le Pen proclamou que a França não se reconhecia em seus jogadores, porque eram quase todos negros e porque seu capitão, um árabe, não cantava o hino nacional. Algum tempo antes, o treinador da seleção espanhola, Luis Aragonés, havia chamado de negro de merda o jogador francês Thierry Henry, e o presidente perpétuo do futebol sul-americano, Nicolas Leoz, apresentou sua autobiografia dizendo que nasceu em um povoado onde viviam 500 pessoas e três mil índios.
Mas pode-se reduzir a um insulto, ou a vários insultos, esta tragédia do vencedor que escolhe ser perdedor, do astro que renuncia à glória quando a tem ao alcance das mãos? Talvez, quem sabe, essa louca investida tenha sido, embora Zidane não quisesse, nem soubesse, um rugido de impotência.
Talvez tenha sido um rugido de impotência contra os insultos, as cotoveladas, as cusparadas, os chutes mal-intencionados, as simulações dos especialistas em contorções, mestres do ai de mim, e contra as artes de teatro dos farsantes que matam e exibem uma cara de não fui eu.
Ou, talvez, tenha sido um rugido de impotência contra o êxito esmagador do futebol feio, contra a mesquinhez, a covardia e a ganância do futebol que a globalização, inimiga da diversidade, está nos impondo. Por fim, na medida em que o campeonato avançava, ficava cada vez mais claro que Zidane não era deste circo. E suas artes de magia, sua presença, sua melancólica elegância, mereciam o fracasso, bem como o mundo de nosso tempo, que fabrica em série os modelos do sucesso, merecia este medíocre campeonato mundial.
E, de alguma maneira, também se pode dizer que a Itália merecia a Copa, porque todas as seleções, algumas mais, outras menos, jogaram à italiana e com o mesmo esquema de jogo, linha de quatro atrás, defesa fechada e gols roubados graças a contra-ataques.
A Itália se impôs, como tinha de ser. No final, o esquema tático causou muitos bocejos, mas também lhe deu quatro títulos mundiais. E ao longo desta quarta vitória sofreu dois gols, um contra e outro de pênalti, e na retaguarda, não na vanguarda, teve seus melhores jogadores: Buffon, goleiro, e Cannavaro, zagueiro.
Oito jogadores da Juventus chegaram à final em Berlim: cinco jogando pela Itália e três pela França. E se deu a casualidade de a Juventus ser a equipe mais comprometida nos escândalos que vieram à público pouco antes do Mundial. Das mãos limpas aos pés limpos: a justiça italiana parecia decidida a mandar para o exílio, a série B e a série C, os clubes mais poderosos, incluindo a Lazio, a Fiorentina e o Milan, do virtuoso Silvio Berlusconi, que praticou a fraude e a impunidade no futebol, nos negócios e no governo. Os juízes comprovaram toda uma classe de trapaças, contra árbitros, compra de jornalistas, falsificação de contratos, adulteração de balanços, divisão de posições no campeonato italiano, manipulação dos programas da tele...
Um ministro do governo anunciou a anistia caso a Itália vencesse o Mundial. A Itália ganhou. Tudo isso dará em nada, uma vez mais, e como sempre? Zidane foi punido por muito menos.
Alguém, não sei quem, soube resumir da seguinte maneira a Copa 2006: “Os jogadores têm uma conduta exemplar. Não bebem, não fumam, não jogam”. Os que de vez em quando acertavam a bola no gol, não jogavam bonito, e os que jogavam bonito nunca acertavam o gol. Toda a África ficou fora logo cedo, e não demorou muito para toda a América Latina também partir para o exílio. O campeonato mundial se converteu em uma Eurocopa.
Os resultados recompensavam este que agora chama de sentido prático: altos muros defensivos e na frente algum atacante, um Cavaleiro Solitário, implorando um favorzinho de Deus. Como costuma ocorrer o futebol e na vida, perde o que melhor joga e ganha o que joga para não perder.
Os pênaltis ajudaram a injustiça. Até 1968, as partidas difíceis eram definidas no cara ou coroa. De alguma maneira, continua sendo assim. Concluída a prorrogação, os pênaltis se parecem muito com o capricho do acaso. A Argentina foi mais do que a Alemanha, e a a França mais do que a Itália, mas uns poucos segundos puderam mais do que duas horas de jogo, e a Argentina teve de voltar para casa e a França perdeu a Copa.
Pouca fantasia foi vista. Os artistas deram lugar aos levantadores de peso e aos corredores olímpicos, que ao passarem chutavam a bola ou um adversário.
O Mundial foi tão aborrecido que os donos do negócio não tiveram outra coisa a fazer a não ser imaginar projetos para injetar entusiasmo no decaído espetáculo. Uma das idéias nascidas dentro da Fifa propõe castigar o empate não concedendo ponto às equipes. Outra sugere aumentar a distância entre as traves para aumentar o número de gols. E outra, se não te agrada este cardápio, pretendem uma Copa a cada dois anos.
Mas o futebol profissional, espelho do mundo, joga para ganhar, não por prazer, e o cálculo de custos zomba destas inúteis piruetas imaginárias dos burocratas que comandam o futebol mundial. Menos mal que o futebol profissional não é todo o futebol. Basta sair às ruas, ir às praias, aos campinhos, para comprovar que a bola pode rolar com alegria. No futebol profissional, o que aparece na televisão, pouca alegria se vê. Parecemos condenados à nostalgia do velho tempo dos cinco forwards e à triste comprovação de que agora nos resta apenas um, e no passo que seguimos nem um restará: todos atrás, nenhum na frente. Como comprovou o zoólogo Roberto Fontanarrosa, o atacante e o urso panda são espécies em extinção. (IPS/Envolverde)

(*) Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina e Memórias do fogo.

(Envolverde/ IPS)
www.envolverde.com.br

11.7.06

Acabou ... a Itália é tetra!

Finalmente a partida derradeira da Copa da Alemanha de 2006 foi realizada. Para decepção dos brasileiros Itália e França disputaram o troféu que a seleção brasileira abriu mão.
O jogo para muitos foi bem ruinzinho mas ninguém pode negar que teve seus momentos de emoção. Logo aos cinco minutos o árbitro argentino Horácio Lizondo marcou um pênalti pra lá de duvidoso de Materazzi em cima de Malouda. Penalidade cobrada cheia de firulas por Zidane mas que acabou entrando d epois d ebater caprichosamente no travessão.
Feito o gol a França procurou amarrar o jogo, mas a Itália conseguiu logo o empate o mesmo Materazzi de cabeça após escanteio bem cobrado por um apagado Pirlo.

No segundo tempo a França procurou desde o reinício o gol. E Ribery, depois Malouda e Henry tentaram uma, duas, três vezes, mas não conseguiram vencer Buffon.
Então Vieira, machucado, teve de ser substituído e a França começou seu calvário. Entrou Diarra, que não comprometeu. E a França continuou pressionando, mas sem ameaçar de fato a meta italiana.
Enfim o técnico da azzurra, o retranqueiro Marcelo Lippi resolver intervir no jogo e tirou Totti, que nada fazia em campo, e também o esforçado Perrotta.
Entraram Iaquinta e De Rossi que em nada acrescentaram de qualidade a não fôlego ao time da bota. Mas nem assim a Itália pôde equilibrar um pouco o jogo. Pois a França segue pressionando principalmente com Henry.
A Itália parece mais cansada quando Lippi tira Camoranesi e coloca o craque Del Piero. Parece querer apostar na superstição e tenta repetir a semifinal contra a Alemanha.
Mas a França ainda sobra um pouco mais apesar do evidente desgaste físico de ambas as equipes quando termina o tempo regulamentar.

O início da prorrogação repete a pressão francesa. E o grande Zinedine Zidane emociona a todos quando decide permanecer em campo com o ombro direito machucado. Trezeguet entra em lugar de Ribéry que, mesmo exausto, ainda ameaçava a meta de Buffon. A França dá mostras que não quer ir para os pênaltis.
Já a Itália aparenta estar meio acuada dando chutões para o alto e se livrando da bola. Aos 15 da prorrogação o goleiro italiano Buffon faz a mais importante e talvez difícil defesa desta Copa, em cabeçada certeira de Zidane.
Wiltord entra na vaga de um moribundo Henry que aparenta nem ter forças para bater um pênalti.
Começa o segundo tempo da prorrogação e de repente, do nada, a tragédia! Zinedine Zidane, em um gesto tresloucado, dá uma cabeçada no peito de Materazzi e é expulso de campo. Como o juiz e nem o bandeirinha viram a agressão parece que o aviso para a expulsão veio de fora das quatro linhas. Quem expulsou o Zidane? A questão fica no ar ...
A expulsão de Zizou abateu imediatamente o time gaulês e a partida se arrastou melancolicamente até o final.
Vieram os pênaltis! A final de 94 ganhou uma companheira para a história. Os batedores iam cumprindo a missão até que David Trezeguet, que muitos exigiram (e corretamente) a entrada durante a copa deslocou Buffon mas a bola bateu no travessão e não entrou. Ao contrário do que aconteceu com Zidane.
A Itália é tetracampeã. Uma campeã digna desta copa, de futebol retrancado, defensivo e decidido nos erros do adversário. A Itália, justiça seja feita errou pouco, já franceses, argentinos e brasileiros ...

PS 1 – Essa foi a segunda copa com pior média de gols marcados da história das copas, com 2,29 por partida; só ficando atrás da Copa de 90 na Itália (onde mais?) com 2,21.

PS 2 – Que asneiras o Materazzi falou para o Zidane?

Dirley Santos, botafoguense de Niterói/RJ.

10.7.06

E só deu Alemanha.

Em um jogo relativamente bom, se não formos muito exigentes, a Alemanha conseguiu conquistar a terceira colocação na Copa que se encerra. Portugal não conseguiu ficar em terceiro lugar, mas a quarta colocação é digna de nota.
A Alemanha foi mais efetiva e certeira num a partida muito corrida mas que ficou só nisso. Sem a mesma disposição do jogo contra a França, o time de Scolari arrancou um empate no primeiro tempo.
No segundo tempo, porém, só deu a equipe germânica que conquistou uma vitória com todos os méritos. O meia alemão Schweinsteiger foi o nome do jogo, participando diretamente dos três gols. Primeiro em um belo chute de fora da área que o excelente goleiro Ricardo aceitou, depois cobrando a falta que o azarado Petit botaria para dentro do próprio gol e finalmente no terceiro gol em outro potente chute de fora da área, este sim indefensável.
Quem também escreveu seu nome na partida foi o carrancudo arqueiro Oliver Kahn, que foi homenageado ao jogar como titular, ao fazer importantes defesas e sendo duas delas quase gols lusitanos.
À família Scolari restou o orgulho pela excelente campanha e o sentimento de dever cumprido.

Dirley Santos, botafoguense de Niterói/RJ.

7.7.06

Se a Itália ganhar, vai ter pizza?

Tradicional prato da culinária italiana, a pizza poderá ser servida em caso de vitória da “Azzurra” no próximo domingo. Mas não nos restaurantes e sim no Tribunal de Justiça Desportiva Italiano que está julgando um dos maiores escândalos de corrupção do futebol italiano.

No início de maio, gravações de conversas telefônicas entre o diretor-geral da Juventus, Luciano Moggi e um responsável pela escalação de árbitros no Campeonato Italiano, Pierluigi Pairetto revelou um esquema de armação de resultados. Além da Juventus, campeã italiana das últimas duas temporadas, o Milan, Lazio, Fiorentina e mais 26 dirigentes de clubes também estão envolvidos.

O procurador responsável pelas denúncias pediu o rebaixamento da Juventus para a terceira divisão e do Milan para a segunda, o que pode gerar uma debanda geral dos jogadores. Émerson, titular da seleção brasileira, já trocou o Juventus pelo Real Madri e Kaká anunciou que se o Milan for rebaixado deixa o clube. Dos 23 jogadores da seleção italiana, 13 são dos quatro clubes envolvidos e, na final da copa, só a Juventus tem 8 jogadores (cinco na seleção italiana e três na francesa).

Nas últimas partidas os jogadores italianos tiveram uma motivação extra, principalmente na semi-final contra a Alemanha. O capitão da seleção italiana, o zagueiro Fabio Cannavaro, disse que: "Em todo caso, isso (o escândalo) pode ter sido positivo, pois acumulamos tanta raiva, que a levamos a campo". Mas alguns afirmam que não foi a “raiva” que motivou os jogadores italianos, mas sim um possível acordo para amenizar as penas em caso de conquista do Mundial. O título faria com que a opinião pública esquecesse os escândalos, o que abria margem para absolvições. Já se fala de não rebaixar o Milan e de somente rebaixar para a segunda divisão a Juventus ao invés da terceira. Ou seja, uma grande pizza aos moldes da servida no Brasil. Vamos esperar para ver qual delas tem mais recheio.

Alberto Albiero, de Campinas/SP

Já que a copa está chegando ao fim, que tal um poeminha?

quero a vitória
do time de várzea
valente
covarde
a derrota
do campeão
5 X 0
em seu próprio chão
circo
dentro
do pão

Leminski

Marchais, marchais!!

Empolguei-me e ao querer dar uma de comentarista e, como a maioria esmagadora dele, quebrei a cara. Apostei na Família Scolari e deu Zizou & Cia.
E foi justa a vitória da seleção francesa por 1 a 0, em pênalti bobo cometido pelo zagueiro lusitano Ricardo Carvalho em cima de Thierry Henry ainda no primeiro tempo, e bem cobrado pelo maestro Zinedine Zidade.
Inclusive fora a boa cobrança da penalidade Zidane não foi o maestro de outros jogos mais a seleção francesa joga bem entrada como uma boa orquestra.
A seleção de Portugal, comandada e animada pelos gritos de Luiz Felipe Scolari, sempre procurou o gol desde o início da partida. Ao preferir chutes de fora da are facilitou o trabalho do goleiro galês, o sempre enrolado Barthez.
Em um jogo de poucas faltas duras e de raríssimos cartões, Felipão está até hoje xingando o árbitro por um pênalti não assinalado.
O segundo tempo foi um verdadeiro “ataque versus defesa” com , a exemplo do que fizera diante do Brasil, uma França oferecendo seu campo aos portugueses e partindo em raros mais perigosos contra-ataques. Já os portugueses faziam muita pressão, porém, nada que ameaçasse concretamente a defesa dos bleus. Para piorar a situação os galegos ainda perderam o esforçado lateral Miguel, que se machucou sozinho em uma jogada desesperada de ataque. As substituições pouco produziram além de nomes novos.
Próximo ao final da partida Figo perdeu um gol praticamente feito depois de Barthez bisonhamente bater roupa em bela falta cobrada por Cristiano Ronald. Portugal já merecia o empate e vendia bem caro a derrota, muito mais caro do que a Seleção Brasileira.
A França ganha o jogo e garante a vaga na final. Pegará a Itália em uma final completamente inesperada antes do início da Copa.
A Itália, na comparação das campanhas e dos jogos das semi-finais, leva certa vantagem. Tudo vai depender de Zizou & Cia. E no que tem dependido deles ...
Fantástico e simbólico (em tempos de conflitos raciais) foi ver os negrões da seleção francesa regendo a massa tricolor ao empolgante som da Marselhesa. Marchais, Marchais! Le Pen, principal líder neofascista francês deve ter arrancado seu bigodinho.

Dirley Santos, Botafoguense de Niterói/RJ.

6.7.06

O futebol-arte na coleira


Gustavo Sixel, do Opinião Socialista
Voltamos a ser vira-latas. Com a campanha e a derrota para a França, os jogadores enterraram a frase do escritor Nelson Rodrigues que, após o título de 1958, profetizou que havíamos perdido o complexo de vira-latas. Em campo, o Brasil caminhou de um lado a outro, sem conseguir ameaçar o adversário. Não rosnou, não lutou, não ofereceu perigo. Não mordeu a bola. Não mostrou os dentes. Não jogou com garra. Como todo vira-lata, não teve raça.O melhor time do mundo mostrou-se apenas uma matilha de cães adestrados. O clima de euforia dos malas Galvão Bueno e Pedro Bial tomou conta do país, mas invadiu primeiro a cabeça dos jogadores. Afinal, se o time era comparável ao de 70, como poderia não se classificar para a final? Entrar em campo era apenas cumprir um "script". A vitória viria, assim como o afago ou o presente do dono após uma pirueta...
[continue lendo]

A derrota da “Seleção Brasileira”: um absurdo?

Até aos doze minutos do segundo tempo, amargávamos um perigoso zero a zero. Esse injusto placar para a seleção francesa, que desfilava em campo sob a liderança de Zidane, nos deixava apreensivos e inseguros quanto à conquista do hexacampeonato.
Foi a partir do gol francês que as certezas quanto à derrota do time brasileiro, dirigido por Parreira, começaram a se concretizar. E se confirmaram com o apito do juiz aos quarenta e oito minutos do último tempo.
Um absurdo? Quase cento e setenta milhões de brasileiros atônitos, perplexos, boquiabertos, e alguns até em prantos, não acreditavam no fato de estarmos fora da competição. A agonia do jogo foi transmitida em tempo real, através da imprensa, onde não escapava um único lance. Tudo era observado!
Mas afinal, quem foi derrotado lá na Alemanha: o time de grandes estrelas bem pagas do futebol mundial ou as massas trabalhadoras brasileiras?
A luta crucial foi a realizada no território Alemão ou é esta que os trabalhadores e trabalhadoras são convocados diariamente no Brasil da acumulação de riqueza e do sucateamento dos serviços públicos?
Naquele jogo as regras permitiam que vinte e dois jogadores entrassem em campo, já neste aqui, são milhões de pessoas.
Os grandes meios de comunicação de massa (jornais, revistas, emissoras de televisão e rádio) são controlados pelos adversários da classe trabalhadora. Por isso, existe um interesse maior em cobrir a Copa do Mundo, do que em mostrar os espetaculares lances dos banqueiros ou as manobras de um governo traidor.
Na verdade, a maior parte dos trabalhadores e da juventude sequer tem consciência que estão dentro de um mega-jogo, que cada gol do adversário resulta em piores condições de vida: menos emprego, menor poder aquisitivo, pouca terra para a reforma agrária e menos investimentos em educação, saúde, moradia e saneamento.
Como afirmou Maiakovski: “O tempo é escasso, mãos à obra. Primeiro é preciso transformar a vida para cantá-la em seguida”.
Enviado por Thiago Barreto, estudante de História da UESC

5.7.06

Vini, vidi, vinci!!

Finalmente um jogo digno de Copa do Mundo!
Enfim, Itália e Alemanha protagonizaram uma partida digna da tradição de dois tricampeões mundiais. Foi uma partida tensa, disputada, com muita emoção e drama.
Paradoxalmente a Itália, muito superior já desde o primeiro tempo, foi quem procurou o gol com alguma objetividade. Os contra-ataques e a falta tática, típicas armas dos bambinos, foi o que restou a um metódico time alemão.
Contudo ... gol, que é bom, nada!
A trave o goleiro Buffon salvaram os italianos ainda no primeiro tempo. No segundo tempo, a incompetência dos atacantes italianos e o excelente goleiro Lehmann evitaram o gol do time da bota.

Veio então a prorrogação. Mais uma na Copa ...
Os italianos surpreenderam e provavelmente temerosos de uma derrota nos pênaltis, buscaram logo o gol metendo duas bolas seguidas na trave, deixando os alemães atônitos. Estes, por sua vez, apelaram para um jogo amarrado, visivelmente preferindo a disputa no tiro livre direto e talvez confiando em uma lendária frieza germânica
A Itália seguiu atacando e quase fez o seu. Porém, a seleção tedesca contra-atacou, como em todo o jogo, e o arqueiro Buffon, já considerado o melhor goleiro da copa, salvou mais uma. Na outra área, por sua vez Del Piero chutou mal e novamente desperdiçou mais uma oportunidade italiana.

A decisão vai ser nos pênaltis!
E era o que tudo indicava até os 13 minutos e meio da prorrogação quando, após excelente passe de Pirlo, o lateral Grosso fez um golaço de canhota.
A Alemanha ainda tentou no desespero o gol de empate que lhe devolveria a esperança dos pênaltis, mas falhou e Del Piero, craque da Juventus, mantido pelo técnico na reserva, marcou mais um lindo tento, fechando o caixão germânico.

E a emoção continua ...
Realmente a Itália, tal qual uma fênix, ressurgiu das cinzas depois da vitória sobre a Ucrânia jogando um futebol bem mais solto que de costume e efetivamente competitivo, como de costume.
A Alemanha, apesar do apoio da torcida, está fora (vai disputar uma honrosa 3ª colocação contra o perdedor de França e Portugal) já a Itália segue, em busca do tetra e quem sabe para ficar mais perto do penta brasileiro?PS - Resta agora a decisão da segunda vaga na final. E aí, quem aposta em favor de Felipão e seu kit de autoajuda “Tabajara”? Eu tô apostando ...

Dirley Santos, Botafoguense de Niteroí/RJ e simpatizante do FC do Porto.

1.7.06

Sangue, suor e lágrimas ... para os ingleses

Portugal e Inglaterra, mais do que Alemanha e Argentina, protagonizaram um verdadeiro jogo amarrado. Muito tenso, muito estudado, por demais equilibrado, com poucas chances e conseqüentemente sem gols durante 120 minutos.
Os times ficaram recuados em demasia, esperando o erro do adversário, sem conseguir mostrar grandes qualidades, porém mostrando muitas fragilidades.
Os ingleses Beckham e Rooney pouco jogaram, o segundo demonstrando total despreparo psicológico para uma competição deste porte, foi corretamente expulso de campo ao dar um pisão no gajo Ricardo Carvalho. Quase que, no fim do tempo regulamentar, a Inglaterra ganhava o jogo, em um chute do zagueiro Terry.
Os morrugas por sua vez também tiveram em Figo, Pauleta e Cristiano Ronaldo figuras pálidas. Se bem que Cristiano Ronaldo era um pouco mais lúcido e esforçado em campo. Mas nada que ameaçasse efetivamente a defesa dos súditos da rainha.
Resultado: mais uma sofrida prorrogação.
Tarimbado, Felipão tentou orientar seus jogadores para aproveitarem a vantagem de 01 jogador a mais. Pediu, aos berros na lateral de campo, para o time jogar pelos flancos e ir buscar alinha de fundo, trocando bolas e virando o jogo para desgastar ainda mais os ingleses. Mas nada que alterasse o monótono placar.
Novamente uma partida nesta copa foi decidida nos pênaltis.
O goleiro lusitano Ricardo, que barrou o veterano Vítor Baía (assim colo Lehman da Alemanha também barrou Oliver Khan) foi o herói da loteria defendendo as cobranças dos principais craques ingleses ainda em campo Lampard e Gerrard (já que Beckham havia sido substituído e Rooney expulso) e também a de Carregher.
Os galegos Hugo Viana e Petit também desperdiçaram suas cobranças.
E hora pis, pois. Deve estar sendo bonita a festa pá ...
Dirley Santos, Botafoguense de Niterói/RJ.

Ih, a Copa já acabou???

Jogando um futebolzinho insosso e de quinta categoria, a seleção de Parreira & Zagallo se despediu melancolicamente da Copa do Mundo da Alemanha tomando um verdadeiro baile da França, comandada pelo quase aposentado Zinedine Zidane.
O time da dupla Parreira & Zagallo (sim, pois 90% dos torcedores, inclusive este comentarista, desejavam outra escalação) fez uma partida apática, realizando infrutíferas trocas de passes e recuos de bola mesmo quando já perdia o jogo e restavam menos de 15 minutos para o término.
O gol da França, demoradamenmte anunciado durante todo o primeiro tempo, saiu numa jogada de bola parada, vinda da lateral esquerda, realizada primorosamente pelas mãos, digo pelos pés, de Zizou e encontrou, totalmente livre, Thierry Henry deixado solto dentro da pequena área pelo lateral Roberto Carlos (esse sim precisando se aposentar imediatamente), que ficou olhando o avanço do francês com as mãos postadas na cintura.
A teimosia de Parreira, digna de um Zagallo, obrigou a torcida a sofrer durante quase todo o jogo com a inoperância de Ronaldinho, Cafu e Kaká (este visivelmente fora de forma), quando colocou Adriano, Robinho e Cicinho o treinador já o fez atrasado e mais como uma forma de jogar pra arquibancada. Ficou evidente que se, principalmente Robinho e Cicinho, estivessem desde antes em campo a história poderia ser diferente já que a seleção passou a buscar o jogo e a pressionar a saída de bola francesa.
A sorte foi que Zidane cansou, bem depois de Cafu e Kaká, e a seleção blue caiu em produtividade.
Resta agora, para aqueles que torcem por um bom futebol, torcer para esta copa acabar logo pois os times que sobraram são verdadeiras babas. Aos mais aficcionados e não sectários (sic) restam as alternativas de ver o Felipão salvar um pouco da honra do futebol tupiniquim ou ver Zidane ser premiado por seu histórico com mais uma copa.
Sem a possibilidade de vermos Ronaldinho, Kaká ou Robinho tentando arrebentar em gramados alemães esta copa entra para a história como a copa dos esquemas táticas, do conjunto e do coletivo. Uma perfil bem ao estilo Parreira, mas que ficou chupando limão ...

PS - Que recomece logo o Brasileirão!

Dirley Santos, Botafoguense de Niterói/RJ.